terça-feira, 26 de abril de 2011

REFLEXÃO SOBRE O POST "SAUDADES DE MIM".

Saudade de mim...
Fico pensando que muitas vezes o que deixamos pra trás...ficou pra trás mesmo, num lugar de memória que não nos pertence mais porque simplesmente não existe como lembramos...não satisfaz como lembramos...não nos diz mais respeito.
Nossa essência é mutável ela não fica num lugar ou num modo de vida...o que sabemos é que, o que estamos vivendo neste momento não nos satisfaz e nada mais natural do que ter esperança que se voltarmos para onde julgamos ter começado a nos perder, vamos poder retomar tudo de novo.
Penso cá com meus botões que temos que retomar sempre do ponto que estamos ou melhor reinventar a vida, dar significado, descobrir significados...não necessáriamente os que já tivemos um dia.
Tuuudo mudou..absolutamente tuuudoooo, nós somos 100% outra pessoa ( nossas células morreram e nasceram várias vezes, nos vimos por ângulos nunca vistos, percorremos estradas completamente estranhas, crescemos em muitos sentidos, reproduzimos, sonhamos, nos frustramos mas acima de tudo aprendemos. Uma verdade é imutável o conhecimento não regride, uma vez sabido não tem como fingir não saber e isso é lindo!!) sendo outra pessoa temos que nos descobrir e reinventar  sempre e haja fôlego.
Penso mesmo que a capacidade de resiliência e de se reinventar durante a vida ( e acredito que esses momentos se repetem várias vezes na caminhada, como se tivéssemos que trocar a casca toda...o trabalho que para a lagarta que se transforma em borboleta parece tão sublime...no nosso casa parece um bocado dolorido) pode ser o segredo do saber viver...de ser feliz ou sei lá o que. Tenho uma amiga que cada vez que o marido muda de cidade em função de trabalho ela se apaixona bravamente pela nova cidade, fala entusiasmadamente das belezas e maravilhas do novo lar mesmo saindo de Curitiba ( puta cidade legal cheia de amigos) indo para São José do Rio Preto ( cidade boa...mas comparada com Curitiba...) depois São Paulo (dispensa comentário) depois Porto Alegre ( cidade frrrriiiiiaaaaa mas boa ) e indo direto pra onde? Goiânia ( quente e seca ) detalhe que à partir de São Paulo a grande dorrrrrrr da separação ...seguem só os dois (marido e mulher) os filhos ficaram em São Paulo. Verdade que alguns remedinhos foram necessários rssr, mas ela não se abate...corre logo pra se apaixonar pela cidade em que está, começa fazer tai chi, caminhar no parque...dá seu jeito, vira poetisa...começa a escrever e continua a crochetear...e por aí vai se reinventando, contei a história dela por que é a que mais próxima está de mim...acho bonita.
Tem um filme lindo (pelo menos foi essa a impressão quando vi à muuuitoooo tempo atrás) acho que se chama o Jardim da minha infância, um homem tem as maiores e emocionates lembranças do jardim da sua infância, cada cantinho, alguns misteriosos, enormes e fascinantes e quando finalmente ele volta ao jardim ele percebe que só existia dentro dele...o lugar em si não tinha nada demais, nem parecia o mesmo... achei a metáfora linda!!! o que muda é o nosso olhar.
De qualquer forma, não existe fórmula qual é a melhor maneira de fazer essa troca de casca, se reinventar ou se redescobrir. O que existe a a boca enorme e esfomeada da NECESSIDADE que nos impele ao movimento em qualquer direção...acho até mesmo inevitável e válida as tentativas.
Agora só tem um jeito de concluir coisas...vivendo e poderia até fazer uma bobagem com a palavra vi - vendo ou seja ver duas vezes pra ter certeza.
Ontem quando fui fazer uma pequena cirurgia, naquele momento terrível que são os intermináveis minutos que antecedem a dita cuja, vendo todo mundo deitado na maca, sem roupas íntimas, nada pessoal ( relógio, brinco, correntinha, aliança ) só uma touca na cabeça, sapatilhas de pano nos pés e uma espécie da camisola aberta atrás de cor azul, cada um com sua cara de medo e pensamentos que só eram interrompidos quando entrava alguém de branco, na expectativa de ser o próximo a ir pra sala de cirurgia ou então na esperança de ver a pessoa mais procurada e importante no dia da cirurgia ( se vc pensou no médico?  errou) todos só querem saber do anestesista. Eu mesma pra cada pessoa que me dirigia a palavra eu retornava - Vc é o anestesista? Estava aflita pra tomar do sonífero...não queria ver aquilo...não queria ver nadaa. A enfermeira me explicou que a anestesista só ia me sedar na sala de cirurgia e que eu não ia ficar completamente inconsciente, mas pra ficar tranquila porque eu não iria me lembrar de nada...eu imediatamente disse - Ahhhh nãooooo eles mentem pra gente, eu não quero sentir nada, quero ficar inconsciente sim, sair e voltar só depois do serviço pronto!!! Depois fiquei pensando, a gente não quer sentir nada, será que também não fazemos isso na vida? sair de fininho pra não lidar com uma situação e voltar só depois que o serviço estiver pronto? ou então passar a vida inteira justificando nossos atos a partir das nossas aparentes impossibilidades?? Evitar a dor a qualquer custo? Afinal por que não entrar no centro cirúrgico de cabeça erguida lidando com meu medo e sentir a agulha da anestesia lidando com a dor que não deve ser lá grande coisa  e só então deixar de sentir , mas só no momento realmente necessário ??? mas não...eu não queria sentir nada, nem aquele medo e nem o desconforto dos que estavam próximos de mim.
Fiz uma oração que no momento me fez sentir uma baita cara de pau...parecia emergencial demais quase oportunista e interesseira....conclusão, preciso rezar mais vezes e por motivos não tão medrosos e pensar mais sobre essa coisa de não querer lidar com o desconforto.
Por mais estranho que pareça...quando fiz aula de yoga, quando estava naquela postura difícil demais de aguentar pelo tempo proposto pelo mestre, eu me questionava e ao mesmo tempo compreendia porque o yoga trabalha o espírito também, porque se a gente apreende a dialogar com o desconforto, com a dor, o montro muda de figura e isso indiscutivelmente nos deixa mais corajosos e fortes...conclusão ? preciso urgentemente voltar pro Yoga...rsrsrs.
 


Essa reflexão foi feita por Renata Briane , sobre o Post do dia 31 de Março 2011,  com o Titulo "Saudades de mim", gostei muito, por que me fez pensar e repensar em coisas grandes e pequenas do dia dia, resolvi compartilhar por achar que mais pessoas possam se identificar...Bj!